Sentada aqui vejo a vida passar depressa,
Sentada aqui vejo pequenos se acharem grandes, grandes se acharem velhos, e velhos se acharem mortos.
Querem tudo de uma vez, sem faltar nenhum detalhe, querem o bolo e a cereja sem ter de quebrar ovos e misturar farinha e leite.
Querem o som antes da música, a letra antes da escrita e o beijo antes do amor.
Mas me penduro no cordão do sino, impedindo a meia-noite bater,
Parei o mundo no fim do dia, seguro firme, não quero descer. Agora posso respirar duas vezes e enxergar o caminho que antes passei correndo sem observar.
Paro de ver com os olhos para finalmente enxergar com a alma, que não é assim tão apressada, e encontro as mãos que tentaram me pegar, e eu corri com pressa de esquecer da vida.
Mas não é que perdi a vida por lá?! E essas mãos a trouxeram de volta, me embalaram
Me mostraram que mesmo parada estou a flutuar mais alto, e agora vejo os apressados passando, sugando do tempo o extra que precisam para achar que assim vivem, não! Não vivem!
Morrem rápidamente, sem deixar um piscar de vida como lembrança, antes de morrer corriam, derrubavam suas própria vidas na busca desesperada pela reta final, ao som do tic tac e das buzinas, sem notar que a felicidade ficou uma curva atrás...
Queimei os relógios, marco o tempo pelas lembranças que aquelas mãos me deram quando guiaram nossos lábios para o beijo, aquele mesmo que me fez esquecer do mundo.

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