O Riso, O Pranto, O Amor

"Quem conhece verdadeiramente o mundo, precisamente há de chorar; e quem ri ou não chora, não o conhece. Que é este mundo, senão um mapa universal de misérias, de trabalhos, de perigos, de desgraças, de mortes? E a vista de um teatro imenso, tão trágico, tão funesto, tão lamentável, aonde cada reino, cada cidade e cada casa continuamente mudam a cena, aonde cada sol que nasce é um cometa, cada dia que passa, um estrago, cada hora e cada instante mil infortúnios; que homem haverá (se caso é homem) que não chora?" ( Lágrimas de Heráclito)

Padre Antônio Vieira, neste texto, defende o pranto como mais digno ao mundo, e anteriormente neguei a afirmação do trecho acima, defendi que ver o mundo através do olhar de quem se ama faz dele menos sombrio, não havendo assim a necessidade do pranto.
Esqueci-me que não se faz necessário o pranto, se faz natural. Ele surge quando a verdade nasce, e a verdade tráz um mundo miserável, já que o amor cega as mazelas e colore vivamente o que antes morria.
Não sabem que em tudo que estava a morrer, morria também o sentido de amar. E mesmo o amor vivo, sem o sentido ele sucumbe à morte. E faz-se uma discussão sobre o amor a partir do riso e do pranto. Mas destaco aqui um detalhe que Padre Antônio Vieira não se esqueceu:
Podemos chorar sem lágrimas, e podemos rir com elas. Tudo que exagera faz nascer reações opostas à aquelas que normalmente temos.

"Há chorar com lágrimas, chorar sem lágrimas e chorar com riso: chorar com lágrimas é sinal de dor moderada; chorar sem lágrimas é sinal de maior dor; e chorar com riso é sinal de dor suma e excessiva."


Assim, ao tratar do riso como pranto, volto ao amor. Que riso é esse que ele produz em minh'alma se esperança não tenho mais neste amor perfeito, que mesmo ainda existente em meus sonhos já não se apresenta na realidade? Será pranto? Será excessiva e suma dor? E quando não há mais riso, nem pranto? Sequei meus poços de sentimento?

Apenas ofereço então, esta última lágrima, e este último riso. Se não mais poderei sentir, agradeço que meu último sentir foi para você.

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